"É mais fácil mobilizar os homens para a guerra que para a paz. Ao longo da história, a Humanidade sempre foi levada a considerar a guerra como o meio mais eficaz de resolução de conflitos, e sempre os que governaram se serviram dos breves intervalos de paz para a preparação das guerras futuras. Mas foi sempre em nome da paz que todas a guerras foram declaradas." José Saramago

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Europeias 2009 - a cidadã comum



Começo hoje aqui pequenos textos sobre estas eleições que se aproximam. É evidente que dificilmente serei imparcial, ainda assim pretendo manter a coerência...

Neste primeiro texto tenho de falar de Laurinda Alves e a reboque (e sem que tenha culpa alguma de Miguel Portas).
Vamos por partes. Em primeiro lugar Laurinda Alves é uma personagem convencida, que me irrita profundamente e não é de hoje e, que agora quer ser euro-deputada... Porquê? pelos cidadãos... pelas causas... Porque não ao lado de um grande partido? "tenho tido convites, mas as minorias é que fazem mover o mundo..."
Muito bonito, lindo mesmo... E vai daí, Laurinda é a mediática candidata do MEP (Esperança Portugal). E qual é a ideologia do MEP? Não estão ligados a ideologias, mas a causas...hmmm. Propostas concretas para uma política europeia? Defender os cidadãos comuns "com uma politica positiva". Como é que nunca tinha pensado nisto: Em Portugal e por toda a Europa só se faz política pela negativa, mas agora com a hipótese Laurinda em Bruxelas...hmmm. A que corrente europeia se juntarão?hmmm...

Ainda em relação ao mep e à laurinda tive a infelicidade de ver um dos tempos de antena. Para além de todo o vazio de ideias que disse atrás e do apoio fortíssimo de Catalina Pestana, eis que me aparecem uma série de jovens entre os 18 e os 21 anos a dizerem que agora sim, sentiam-se motivados para votar. E sabem porquê? Não porque nunca tenham podido votar antes, aliás isso é um pormenor, mas porque a Laurinda é candidata. Faz dó. Espero que atrás da Laurinda só o PNR, mas temo que não.

E é aqui que entra sem querer Miguel Portas, que a meu ver, até está a fazer excelente campanha... Contudo há dois ou três dias decidiu sair-se com a ideia demagógica dos jovens poderem começar a votar desde os 16 anos. Qual o argumento deste homem de esquerda? se já podem trabalhar aos 16 anos porque não votar? Muito bem. Não aprova então o BE que se comece a trabalhar só a partir dos 18 aumentando a escolaridade obrigatória com bolsas estatais? Está disposto o BE a ter nas prisões comuns jovens de 16 anos? e na tropa?
Em relação a demagogia estamos conversados, mas depois há outra questão. Miguel Portas diz que se os jovens puderem votar mais cedo, mais cedo se interessarão por política e justifica-o dizendo que com 15 anos já pertencia à JCP. Mas então na altura votava-se aos 16 anos ou essa de poderem votar para se interessarem por politica trás alguma na manga?

Eu não sei... Mas depois dos betinhos do MEP não me apetece ver putos dizer que vão votar Bloco pela legalização das drogas ou no PCP para haver preservativos na escola (e atenção que não estou contra as medidas)ou pelo contrário, dizer que não votam em alguém que lhes exiga mais. Não faz sentido... E depois seria preciso toda uma revolução educacional, cultural, social para que estes jovens saibam decidir e bem por si. Falo a nível politico.

Como não estou no messenger não sei o que a rapaziada de 16 anos pensa de tudo isto...

Até breve

domingo, 24 de maio de 2009

Arrivismo à hora de jantar



A vulgaridade, parcialidade, pequenez e jornalismo abaixo de cão de Manuela Moura Guedes teve finalmente uma réplica à altura. Ou melhor, é mais como diz o outro: para cão, cão e meio. Não que morra de amores por Marinho Pinho, pelo contrário.
Também não apoio o governo de José Sócrates, como podem comprovar variados posts que tenho escrito neste blogue. Mas isto não é bem jornalismo, é mais arrivismo. Se não acreditam, vejam a entrevista todinha até ao fim.

Adenda: Algumas vozes na blogosfera fazem de MMG a heroína e de MP o carroceiro. Eu penso que esta entrevista mostrou que estão bem um para o outro. Apesar de isto pelos vistos se prestar a claques. Ainda por cima de gente que se acha acima do país alienado da bola no qual orgulhosamente me incluo.

sábado, 23 de maio de 2009

A maior marcha realizada em Portugal



É um claro puxar de brasa à minha sardinha, mas não podia deixar de escrever sobre o grande acontecimento político realizado hoje em Lisboa.
A CDU reuniu em protesto e luta por volta de 85 mil pessoas... Isto sem anúncios mediáticos, sem grandes alaridos, mas com a naturalidade do descontentamento, da luta e, acima de tudo na esperança de um futuro melhor!

Os Media, mais uma vez, passaram ao lado de mais um grande feito deste Partido único... Mas hoje e, quantas vezes for preciso o PCP provou que a luta continua!

Parabéns CDU.

sábado, 16 de maio de 2009

Manuel Alegre II



A montanha pariu um rato, tal como era esperado... A não ser pelos tais ingénuos que acreditaram naquele movimento de alguma esquerda que já nada modificará...

O que é que Alegre recebeu em troca? Simples: Pode tentar ser Presidente outra vez... Perde e Socrates não se chateia mais. Essa é que é essa.

O BE foi muito ingénuo... E depois os PCs é que são ortodoxos... Abram os olhos!

Mais uma pseudo-coligação fracassada... Parece que esta gente não se sabe mover devidamente na politica nacional. E isso, tarde ou cedo, paga-se.

Hipócrisia e falta de coragem política. Isto sim tem marcado estes últimos anos de Manuel Alegre, bobo na côrte do Sr. Engenheiro...

Manuel Alegre


Terá havido alguém que esperasse alguma surpresa vinda do lado de Manuel Alegre? Não acredito, mas se o houve, que me desculpe: é preciso ser muito patózito, muito ingénuo, muito parvinho. E os jornalistas que andaram a inventar e a alimentar este não acontecimento durante estes meses todos são o quê? Apenas ingénuos?

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Grande Maluco



Daniel Oliveira: Sou bué RADICAL!!

Mas quem é que pára este faz tudo, ou melhor, aparece em todo o lado (qual emplastro) Daniel?
Já sei que ele ama o protagonismo, mas precisa ser tão rídiculo???

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Como usar a crise para lavar as mãos...




Este foi um dos absurdos que se pôde ouvir hoje à tarde no parlamento para chumbar as propostas de Verdes e PCP tendo em vista o fim da exploração e maus tratos em animais nos nossos circos... Ainda ouve alguns deputados do PS que não seguiram o voto dos seus colegas de bancada, ainda assim as propostas foram chumbadas.

Em nome de quê??? Não sei.

Mais aqui

sábado, 2 de maio de 2009

O sectarismo de Daniel Oliveira

Declaração de intenções: não sou PCP, muito longe disso. Estou a milhas.
Ontem, 1º de Maio, a blogosfera dos salamaleques decidiu com uma unanimidade a roçar o peganhento acusar o PCP da agressão a Vital Moreira. Daniel Oliveira então, à frente da sua agenda que insiste em esconder, vai ainda mais longe,num post mandado ao ar de forma gratuita e no mínimo pouco séria. Foi muito grave o que aconteceu e condeno veementemente as agressões - que foram graves - mas em vez de verter respostas acusando o PCP, Daniel Oliveira devia fazer perguntas que à laia da sua habitual vontade de protagonismo, não lhe deu jeito fazer na altura. A saber: porque é que o mesmo PCP não agrediu Miguel Portas? Não estava lá? Como é que tem Daniel Oliveira tanta certeza que foram membros do PCP? A ser assim, temos um caso grave de conspiração partidária pela violência. Ou andamos aqui a brincar aos cucos? Alguém de boa fé acredita nisso? Imaginem a direcção do Partido Comunista a ordenar as agressões a Vital Moreira. Algo do género "vamos dar uns tabefes no gajo que anda a pedi-las".
Agora a sério, a ser verdade não seria um caso de polícia a dar direito à imediata ilegalização do partido? Será que para umas coisas não se deve acusar sem provas e para outras não há problema nenhum com isso? Pelos vistos é cool malhar no PCP.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Parabéns Comuna

No dia em que a Comuna festeja o seu 37º aniversário não poderia deixar de dar os nossos parabéns por tão árduo e coerente trabalho, desejando que a cada 1º de Maio possa voltar a parabenizar este fantástico grupo de amigos...



Parece que foi ontem…

Em 1971 uma primeira experiência – o Teatro Laboratório de Lisboa – OS BONECREIROS, um espectáculo para a infância e juventude, encenado por João Mota, dezenas de representações em Lisboa e mais de 30 localidades em todo o país. Um Prémio da Crítica com o Melhor Espectáculo para a Infância e Juventude. Apesar do êxito, a ruptura: o João Mota, a Manuela de Freitas, O Carlos Paulo, O Melim Teixeira e o Francisco Pestana decidimos sair e levar mais longe a aventura de um Teatro colectivo, onde os actores assumiam a total responsabilidade pelo seu trabalho.
No dia 1 de Maio de 1972 nascia a COMUNA – TEATRO DE PESQUISA num 2º andar da Rua Pedro Nunes, em Lisboa. O nome foi escolhido por votação dos ouvintes de um programa de Rádio – a Rádio Renascença – a quem propusemos duas hipóteses: ou OS CÓMICOS ou COMUNA sempre com o subtítulo de TEATRO DE PESQUISA. Queríamos ter o nome do que defendíamos: o actor primordial, o artesão, em permanente mudança ao encontro dos públicos afastados do teatro, a procura de novos espaços, OS CÓMICOS e também a comunidade natural dos criadores sem escalões diferenciados no salário, nas responsabilidades, uma relação frontal com a outra comunidade, os espectadores – A COMUNA.
O público escolheu e nós avançámos com o primeiro espectáculo baseado em textos do primeiro autor do teatro português – GIL VICENTE – com o título de “PARA ONDE IS?” – pergunta que sempre quisemos presente no nosso caminho. Chamámos para o nosso lado actores vindos do teatro profissional, do teatro universitário e jovens recém-saídos do Conservatório Nacional. De cinco passámos a 14 a ensaiar em ginásios de escolas, salas de colectividades, em casa de uns e outros … E cinco meses depois estreámos – no dia 22 de Outubro – dia de anos do João Mota, o nosso encenador, numa garagem transformada em Teatro, na Praça José Fontana, em frente ao liceu Camões, alugada pelo empresário teatral Vasco Morgado, que nos emprestou também os panos com que forrámos as paredes, a estrutura da bancada do público, e alguns projectores. Os bilhetes tinham o preço único de 20 escudos e ali ficámos a esgotar 150 lugares por noite, durante quase meio ano.
O primeiro subsídio veio da Fundação Gulbenkian, 160 contos, já que ao Estado desde logo nos recusámos a pedir subsídios. Dali passámos, por oferta de Manuel Vinhas para a Sociedade Central de Cervejas na Avenida Almirante Reis, numa antiga sala de fabricação, entre ratos, chuva, caves alagadas e cargas policiais a estudantes na vizinha Praça do Chile. Ali nos mantivemos até Março de 1975 em que na companhia de cento e tal espectadores ocupámos o Casarão Cor-de-Rosa da Praça de Espanha, antigo Colégio Alemão e Lar de Mães Solteiras da Misericórdia e abandonado há vários anos. E aqui estamos há 30 anos, bem vividos em convívio permanente com a cidade e o público.

O resto é como as histórias que ainda não têm fim: a Casa da Criança, o Centro Cultural, os Projectos de Alfabetização, o Clube dos Amigos da Comuna, os Cursos de Teatro, as Exposições, os Concertos, os Debates, a abertura de 4 salas permanentes divididas com dezenas de outras companhias, e os Espectáculos de Teatro, mais de 90 criações de espectáculos destinados a todo o tipo de público: crianças, jovens, adultos e ainda a experiência inovadora do Café-Teatro e depois ainda a Palavra dos Poetas, criadas por Carlos Paulo.

Desde 1973 o nosso caminho também se fez pelos caminhos do mundo. Actuámos nos principais festivais de Teatro de todo o mundo, em mais de 19 países, dezenas de cidades, milhares de pessoas na Europa, na América e em África. Alcançámos um prestígio internacional único para uma companhia portuguesa e sobretudo resistimos aos habituais complexos de inferioridade com que teimosamente continuamos a querer olhar-nos. Fomos uma Companhia de referência do teatro mundial nas décadas de 70 e 80 e connosco vieram trabalhar actores oriundos de França, Venezuela, Suiça ou Alemanha.
Também percorremos Portugal de lés-a-lés, participando regularmente nos principais Festivais de Teatro que se realizam no nosso país, para lá de termos actuado em dezenas de cidades, vilas e aldeias.
Fomos ainda os pioneiros nas famosas Campanhas de Dinamização Cultural do MFA realizadas em 1974 e 75 levando o teatro a sítios onde nunca se tinha assistido a uma representação.

Também a dramaturgia portuguesa, a par dos grandes textos clássicos e contemporâneos do teatro mundial, foi para nós a preocupação primeira – representámos os grandes clássicos portugueses e demos a conhecer os jovens dramaturgos que o 25 de Abril permitiu crescer.
Pela nossa casa passaram mais de uma centena de actores, para lá das dezenas que formámos e dos quais alguns hoje são nomes importantes do teatro português.

Temos sido fiéis àquilo que nos propusemos em 1972 ao nosso primeiro manifesto apesar dos governos (tantos) dos ministros (mais do que a conta) das políticas culturais (quais?) das modas, das televisões, das capelinhas, dos ódios de estimação, a COMUNA orgulha-se de estar viva e de continuar a ser um espaço permanente de Pesquisa de um Teatro Vivo, dramaturgia de ruptura, espaço de nascimento e crescimento de novos actores e autores, um laboratório permanente em consonância com um público que conhecemos já em terceira geração, e que sabe que cada vez que vem à nossa Casa é para partilhar um espaço que também lhe pertence, pois a nossa história é também a Vossa história. Porque só assim o Teatro tem sentido para nós!!